novembro 29, 2011

Lembro-me quando... #2

... visitei o Glaciar Aletsch, classificado em 2001 como Património da Humanidade



Lembro-me perfeitamente das palavras que usaram para descrever aquela que seria a nossa visita ao maior glaciar dos Alpes: fria e linda. A paisagem seria explorada através dos teleféricos, e roupa bem quente era requisito obrigatório, apesar da temperatura ser agradável em Zurique. Estávamos em Maio. Eu deveria ter desconfiado quando as indicações chegaram de um californiano e de uma indiana. Mas não. Preparei-me como se fosse para a Sibéria e iniciámos viagem. Adoro viajar de comboio. Uma tranquilidade, uma oscilação discreta que embala, paisagens inacreditáveis por toda a Suíça e largas horas de conversa em belíssima companhia. Bitsch, anuncia a voz pelo intercomunicador, com a mesma pronúncia do palavrão em inglês. Um momento de pausa seguido de grandes gargalhadas. Uma estação depois de outra, o destino aproximava-se.

A cidade é linda e organizada - uma típica cidade helvética -, flores despontavam de cada milímetro de terreno e enfeitavam todas as janelas. O céu azul e um sol abrasador fazia-se sentir. «Lá lá lá, que aqui está quente mas não ao pé do glaciar. Vamos vamos, traz esse casaco dos infernos que vais precisar dele» [A conversa não foi bem assim, mas foi desta forma que a organizei na minha memória]. Ora, para começar, nos primeiros 150 000 km [mais metro menos metro...] não havia teleférico algum, pelo que tive de caminhar em pedras e calhaus passo sim, passo sim. De saltos altos. [E o calor tropical que se vivia debaixo do meu casaco?] Só não voltei para trás porque teria de fazer uma rotação de 180º que se tornava impossível pelas vertigens causadas pela proximidade à margem do caminho. Para lá daquele... o vazio e árvores lindas muito láaaaaaaaaaaaaaaaaaa no fundo. Esta aventura pareceu-me uma eternidade e teria arruinado o meu humor, não fosse o que nos esperava:
















































































O Glaciar, essa área deveras decepcionante, não conseguiu sequer arrefecer as penas dos patos que foram sacrificados para forrar o meu casaco. Nada. Calor de princípio ao fim mas um mini-museu adorável e as casas, cujo limite do terreno era um precipício muito semelhante ao que me ladeou parte do caminho, compensaram largamente. «Mas esta gente não joga à bola?» Pois claro que não, sob pena de tropeçarem e... só pararem na base da montanha.


























Outra parte muito gira foi constatar que os teleféricos encerraram às 16h e que teria de descer (muito mais do que subi) a pé. De saltos altos (just in case you didn't read it the first time). Mas nessa altura já só me apetecia rir. E foi o que fiz.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Ideias geniais